Tuesday 9 September 2008

Play it again, Sam!

Existem lugares onde não só a tradição ainda é o que era, como parece que o tempo cristalizou. A decoração, os móveis, o monograma dos guardanapos de algodão, são iguais aos de há 15 anos, mas não estão mais velhos. Apenas não se lhes nota a passagem do tempo, na estética e no uso.
O mesmo se pode dizer dos empregados. Como estão todos acima dos 50, mais 10 ou 15 anos não fazem muita diferença. A excelência do serviço continua a mesma, presente sem intrusão. A ementa é variada sem ser demasiado extensa e a qualidade garantida. Jamais poderia frequentar o local às minhas custas, por isso os preços nunca são preocupação. São “despesas”.
A solicitação de um táxi ao porteiro, baixo e de porte atlético com o fácies de um antigo boxeur, seguida de um “Right away, would you gentlemen please wait in the bar, I’ll call you when your cab arrives”, faz lembrar uma cena de um American Club dos fifties. Mas é no final, quando a caminho do táxi me cruzo com o porteiro e lhe ponho na mão a gorjeta com um gesto descontraído e discreto e este a recebe de forma quase imperceptível mas digna, num ritual partilhado de entendimento secreto, que me sinto por um brevíssimo mas gratificante momento um verdadeiro Humphrey Bogart.

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